O que muda, o que exige atenção imediata e como operar corretamente no novo sistema
A Reforma Tributária não é apenas uma mudança de alíquotas. Para as agências de comunicação, ela representa uma alteração estrutural na forma de operar, precificar, contratar e planejar o negócio.
Tratar o tema como algo “do contador” é um erro estratégico. A partir da reforma, decisões criativas, comerciais e operacionais passam a ter impacto fiscal direto.
Este artigo organiza os principais pontos que toda agência precisa entender para operar corretamente e não correr riscos desnecessários.
1. O fim do sistema fragmentado e o novo modelo de tributação
O sistema atual, considerado complexo e caótico, será substituído por um modelo de IVA Dual, composto por:
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CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – federal
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IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – estadual e municipal
Esses dois tributos substituem impostos como:
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PIS
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Cofins
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ISS
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ICMS
Para as agências, isso significa uma nova lógica de cobrança, crédito e repasse, baseada em não cumulatividade plena.
2. Serviços de agência passam a ser tratados como “serviços em geral”
No novo modelo, serviços intelectuais — como publicidade, branding, marketing, mídia e estratégia — não recebem tratamento diferenciado.
Isso traz impactos diretos:
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alíquotas mais altas do que muitos regimes atuais
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fim de “zonas cinzentas” de enquadramento
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necessidade de contratos mais claros
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maior rastreabilidade fiscal
A agência passa a ser vista, definitivamente, como prestadora de serviço formal, e não como intermediária informal de criação.
3. Não cumulatividade: crédito deixa de ser detalhe e vira estratégia
Um dos pilares da reforma é a não cumulatividade plena: tudo o que a agência paga de CBS e IBS em insumos pode gerar crédito, desde que corretamente documentado.
Isso inclui, por exemplo:
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fornecedores
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softwares
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plataformas
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produção
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mídia (quando aplicável)
Erro comum:
Achar que o crédito acontece automaticamente.
Realidade:
Sem nota correta, contrato claro e classificação adequada, o crédito não existe.
Gestão fiscal passa a ser tão estratégica quanto gestão de projetos.
4. Precificação: o modelo antigo não se sustenta
Com a nova carga tributária, absorver imposto deixa de ser opção.
A agência precisará:
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recalcular margens reais
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revisar propostas comerciais
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separar claramente honorários, produção e mídia
-
educar o cliente sobre o novo cenário
Modelos mal precificados se tornam inviáveis rapidamente.
O preço passa a refletir:
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custo real do serviço
-
carga tributária correta
-
margem sustentável
Criatividade sem matemática vira prejuízo.
5. Contratos precisam mudar ou viram risco jurídico
É claro: contratos genéricos se tornam perigosos.
Agora é fundamental:
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definir claramente o escopo
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especificar natureza do serviço
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separar entregas criativas, estratégicas e operacionais
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alinhar cláusulas de repasse tributário
Sem isso, a agência:
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corre risco de autuação
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perde crédito tributário
-
assume custos que não deveria
Contrato deixa de ser formalidade. Vira instrumento de sobrevivência.
6. Fluxo de caixa: atenção redobrada
A lógica do IVA exige que a agência:
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pague o imposto na operação
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recupere créditos posteriormente
Isso impacta diretamente:
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capital de giro
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planejamento financeiro
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cronograma de recebimentos
Agências que operam no limite sentirão o impacto primeiro. Planejamento financeiro deixa de ser opcional.
7. O papel do sócio-agência muda
A Reforma Tributária acelera uma transformação silenciosa: o sócio criativo também precisa ser gestor de negócio.
Não dá mais para:
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delegar tudo
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ignorar números
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confiar apenas em “como sempre foi feito”
Decisões estratégicas agora passam por:
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impacto fiscal
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margem
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enquadramento
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risco jurídico
Criatividade continua sendo o core, mas não sustenta a empresa sozinha.
8. O que fazer agora (de forma prática)
Os passos recomendados são:
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Revisar contratos atuais
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Reavaliar modelo de precificação
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Mapear fornecedores e créditos possíveis
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Alinhar agência, contabilidade e jurídico
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Educar clientes sobre o novo cenário
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Planejar fluxo de caixa com margem de segurança
Antecipação é vantagem competitiva.
Conclusão: a reforma não é criativa, mas define quem sobrevive
A Reforma Tributária não mata a criatividade. Ela mata improviso.
Agências que se estruturarem agora:
-
ganham previsibilidade
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protegem margem
-
fortalecem relacionamento com clientes
-
profissionalizam o mercado
As que ignorarem o tema vão descobrir tarde demais que talento não paga imposto atrasado.
No novo cenário, estratégia também acontece no financeiro. E entender isso não é diferencial. É condição mínima para continuar existindo.
Leia esse artigo e entenda a importância da narrativa.
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